Introdução:
O hallux abducto valgus (HAV) e, junto com o pé plano, a deformidade mais freqüente do pé. Existem muitas teorias a respeito da sua etiologia, mas a maioria dos autores coincide na co-existência de dois fatores2:
- Intrínsecos ou condicionantes: fatores congênitos, combinação de antepé egípcio e índex minus (Viladot e cols.)
- Extrínsecos ou desencadeantes: calçado 3,4 Esta complexa entidade caracteriza se por uma abdução e rotação externa do primeiro dedo e uma abdução e rotação interna do primeiro metatarsiano 5,6 (tomando como referência à linha medial corporal). Estas alterações geram um verdadeiro "caos biomecânico" ao nível do primeiro radio que acompanha diversas manifestações clínicas entre elas a dor. Este sintoma de difícil avaliação, não e constante em todos os casos nem no processo todo é atribuído, em muitos casos, ao roçar da exostose com o calçado. Sua localização varia em função do grau do hallux nos estágios iniciais pode aparecer como metatarsalgia ao nível dos metatarsianos centrais, a medida que aumenta a deformidade, vai para a face medial da articulação metatarsofalángica do primeiro dedo. A dor é o primeiro parâmetro da indicação cirúrgica do quadro. Existem perto de 100 técnicas cirúrgicas para o HAV5, muitas destas já perimidas. Uma alternativa para as técnicas cirúrgicas tradicionais, que está começando a ter muita popularidade, e a utilização de implantes.
A sua colocação tem 4 objetivos principais:
- Diminuição o extinção da dor.
- Conseguir uma mobilidade normal da articulação.
- Manter a estabilidade estrutural da articulação.
- Conseguir uma boa aparência estética.
Os implantes utilizados ao nível da primeira articulação metatarsofalángica podem ser de 3 tipos:
- Hemi-implantes: geralmente metálicos;
- Implantes totais em bissagra: feitos de materiais
Flexíveis;
- Implante de dois componentes: são os mais recentes e foi o tipo utilizado no caso clínico que descreveremos em continuação.
Caso Clínico
Descrição do caso:
Paciente de 56 anos, intervenção cirúrgica para a correção de um hallux valgus direito.
Serviço de Traumatologia; o principal parâmetro da indicação cirúrgica foi o elevado grau de dor, que impedia o desenvolvimento das atividades diárias. A paciente relata uma piora do quadro apos à cirurgia (aumento da dor, diminuição da mobilidade articulação metatarsofalángica do primeiro dedo); vai novamente a consulta médica e efetuasse uma nova intervenção, utilizando desta vez uma prótese de dois componentes.
Apos esta segunda intervenção começa nossa atuação no caso.
Valorização funcional:
Desta valorização funcional efetuada destacam se os seguintes pontos:
A- Valorização estática em carga:
1 Plano frontal: retro pé neutro bilateral.
2 Plano transversal (obliquo) - visão plantar: valorização da pisada plantar.
Apresenta as seguintes alterações:
- Ausência de apoio do primeiro dedo do PE direito.
- Falta de apoio do istmo do pé direito.
Tratamento podológico
Neste paciente para o seu tratamento ortopodologico de Hallus Abducto Valgus pós- cirúrgico colocamos 4 objetivos básicos:
1. Controle da pronação ao nível do antepé;
2. Devolver a funcionalidade mecânica alterada no segmento digitometatarsal;
3. Restaurar o correto apoio plantar, descarregando os pontos críticos da pisada;
4. Facilitar a propulsão. Optamos pela confecção de um suporte plantar com prolongação tipo Morton feito em resinas termoplásticas de poliéster. O elemento anterior do suporte terá que reunir uma característica e flexibilidade que aceitem em todo momento a mobilidade deste segmento, deste modo estará potencializada a dinâmica. Vai ser muito importante ter presente que nos
casos que não possamos devolver a mobilidade ao segmento metatarsofalangico, o tratamento ortopodologico deverá colocar uma prótese na articulação para limitar o movimento, diminuindo assim a sintomatologia.
Tratamento Fisioterápico
Com os dados obtidos na valorização funcional do caso, os objetivos do tratamento de Fisioterapia, serão os seguintes:
1. Resolução da inflamação e do edema;
2. Liberação das aderências da cicatriz e a recuperação das propriedades mecânicas da pele;
3. Recuperara articulação interfalangica do primeiro dedo;
4. Reeducação da musculatura do primeiro dedo;
5. Reeducação da propulsão e da marcha.
Dá para destacar, nesta fase, a importância do tratamento da cicatriz, as aderências ao nível da cicatriz cirúrgica limitam a mobilidade do segmento e produzem dor. Aplicaremos fricções oblíquas e aproveitaremos o efeito mecânico da ultrosonoterapia para liberar ditas aderências.
Conclusões
Os resultados da combinação dos tratamentos fisioterápica e podológico foram altamente satisfatórios: o desaparecimento da dor que apresentava a paciente no inicio do tratamento e a normalização da fase de despegue da marcha. Neste sentido, gostaria mos de destacar a importância do trabalho em equipe do podólogo e o fisioterapeuta; é o primeiro que faz um trabalho de seguimento dos pés do paciente, e por isto é o profissional mais adequado para solicitar a participação do fisioterapeuta na abordagem da lesão. Toda colaboração entre ambas profissões dá uma maior qualidade de atendimento oferecida aos pacientes.
suporte plantar com alongo tipo morton.
Nenhum comentário:
Postar um comentário